PFAS: O que são os produtos químicos "eternos"? Riscos à saúde, fontes de contaminação em casa e como evitar a exposição diária
A descoberta alarmante: Exposição silenciosa e global
- A jornada da jornalista Catrin Nye da BBC ilustra a dimensão do problema. Ao realizar um exame de sangue, ela descobriu que seu nível sanguíneo de PFAS era de 9,8 nanogramas por mililitro (ng/mL), quase cinco vezes superior ao limite de segurança considerado (2 ng/mL).
- Essa experiência pessoal revela uma verdade coletiva: estamos todos expostos a esses compostos, o que transforma uma investigação profissional em uma urgente chamada de atenção global sobre a saúde pública.
O que são e por que são "eternos"?
Os PFAS são um vasto grupo de mais de 10 mil compostos químicos sintéticos criados pela indústria.
- A propriedade crucial: Sua denominação de "eternos" vem da sua estrutura molecular, que confere uma persistência extrema.
- A persistência: Eles não se degradam facilmente nem no meio ambiente (solo, água, ar) nem no corpo humano. Uma vez acumulados, permanecem por décadas, caracterizando a bioacumulação.
- Transmissão: Podem ser transferidos da mãe para o feto via placenta e através do leite materno, criando uma herança química intergeracional.
Fontes comuns de contaminação
Os PFAS estão em nosso dia a dia devido às suas propriedades repelentes a água, gordura e manchas.
- No lar e na cozinha: Presentes em panelas antiaderentes (como o Teflon®), embalagens de alimentos resistentes à gordura (certas embalagens de fast-food e pipoca de micro-ondas), e tecidos tratados (roupas, calçados e estofados impermeáveis ou à prova de manchas).
- Produtos específicos: Encontrados em espumas de combate a incêndio, certos cosméticos (como bases e esmaltes) e equipamentos médicos.
- Rotas de exposição: A contaminação ocorre principalmente pela ingestão de água e alimentos contaminados (peixe, carne, ovos e frutas são vetores importantes), e pela inalação de poeira doméstica.
Riscos potenciais à saúde
Embora a pesquisa continue, estudos científicos têm associado a exposição a certos PFAS a problemas sérios:
- Impacto hormonal: Alterações na função da tireoide e redução da fertilidade.
- Aumento de riscos: Maior risco de certos tipos de câncer (rim, fígado, testículo).
- Sistema imunológico: Maior suscetibilidade a infecções devido a efeitos negativos no sistema de defesa do corpo.
Estratégias práticas para reduzir a exposição
A eliminação total é difícil, mas a redução significativa é possível através de escolhas informadas:
- Substituição de utensílios: Troque panelas antiaderentes arranhadas por alternativas mais seguras, como aço inoxidável, ferro fundido ou cerâmica/vidro.
- Filtragem de água: Utilize filtros de água certificados para a remoção de PFAS (jarra com filtro ou sistemas instalados).
- Aumento de fibras: Aumente a ingestão de fibras formadoras de gel (aveia, cevada, feijão, psyllium). Elas podem ajudar a facilitar a excreção de alguns PFAS.
- Ventilação e limpeza: Ventile os cômodos e aspire tapetes e estofados com frequência para reduzir a poeira contaminada.
- Evite repelentes: Minimize o uso de produtos ou tecidos com rótulos de "impermeável" ou "resistente a manchas", a menos que tenham certificação livre de PFAS.
- Cosméticos conscientes: Evite produtos de maquiagem que contenham termos como "fluoro", "PTFE" ou "perfluoro" na lista de ingredientes.
- Menos embalagens: Reduza o consumo de alimentos embalados em materiais resistentes à gordura.
Desafios regulatórios e a chamada à ação
A solução definitiva exige mais do que escolhas individuais; ela clama por uma ação coletiva e regulatória urgente:
- Falta de transparência: Os fabricantes, em muitos casos, não são obrigados a declarar a presença de PFAS nos rótulos, impedindo o consumo consciente.
- Movimento lento: A regulamentação global é fragmentada. É crucial pressionar por transparência da indústria e políticas públicas robustas que priorizem a saúde sobre a conveniência.
A experiência da jornalista é um alerta: enquanto desfrutamos das conveniências químicas, carregamos um legado tóxico e persistente. O conhecimento sobre a redução de exposição é empoderador, mas a mudança real virá da demanda por um futuro mais seguro e livre desses compostos "eternos".
