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sábado, 6 de dezembro de 2025 às 11:36 GMT+0

PFAS: O que são os produtos químicos "eternos"? Riscos à saúde, fontes de contaminação em casa e como evitar a exposição diária

Esta é uma análise atualizada sobre as substâncias Per e Polifluoroalquilas (PFAS), conhecidas como "Produtos Químicos Eternos", baseada em investigações globais e evidências científicas.

A descoberta alarmante: Exposição silenciosa e global

  • A jornada da jornalista Catrin Nye da BBC ilustra a dimensão do problema. Ao realizar um exame de sangue, ela descobriu que seu nível sanguíneo de PFAS era de 9,8 nanogramas por mililitro (ng/mL), quase cinco vezes superior ao limite de segurança considerado (2 ng/mL).
  • Essa experiência pessoal revela uma verdade coletiva: estamos todos expostos a esses compostos, o que transforma uma investigação profissional em uma urgente chamada de atenção global sobre a saúde pública.

O que são e por que são "eternos"?

Os PFAS são um vasto grupo de mais de 10 mil compostos químicos sintéticos criados pela indústria.

  • A propriedade crucial: Sua denominação de "eternos" vem da sua estrutura molecular, que confere uma persistência extrema.
  • A persistência: Eles não se degradam facilmente nem no meio ambiente (solo, água, ar) nem no corpo humano. Uma vez acumulados, permanecem por décadas, caracterizando a bioacumulação.
  • Transmissão: Podem ser transferidos da mãe para o feto via placenta e através do leite materno, criando uma herança química intergeracional.

Fontes comuns de contaminação

Os PFAS estão em nosso dia a dia devido às suas propriedades repelentes a água, gordura e manchas.

  • No lar e na cozinha: Presentes em panelas antiaderentes (como o Teflon®), embalagens de alimentos resistentes à gordura (certas embalagens de fast-food e pipoca de micro-ondas), e tecidos tratados (roupas, calçados e estofados impermeáveis ou à prova de manchas).
  • Produtos específicos: Encontrados em espumas de combate a incêndio, certos cosméticos (como bases e esmaltes) e equipamentos médicos.
  • Rotas de exposição: A contaminação ocorre principalmente pela ingestão de água e alimentos contaminados (peixe, carne, ovos e frutas são vetores importantes), e pela inalação de poeira doméstica.

Riscos potenciais à saúde

Embora a pesquisa continue, estudos científicos têm associado a exposição a certos PFAS a problemas sérios:

  • Impacto hormonal: Alterações na função da tireoide e redução da fertilidade.
  • Aumento de riscos: Maior risco de certos tipos de câncer (rim, fígado, testículo).
  • Sistema imunológico: Maior suscetibilidade a infecções devido a efeitos negativos no sistema de defesa do corpo.

Estratégias práticas para reduzir a exposição

A eliminação total é difícil, mas a redução significativa é possível através de escolhas informadas:

  • Substituição de utensílios: Troque panelas antiaderentes arranhadas por alternativas mais seguras, como aço inoxidável, ferro fundido ou cerâmica/vidro.
  • Filtragem de água: Utilize filtros de água certificados para a remoção de PFAS (jarra com filtro ou sistemas instalados).
  • Aumento de fibras: Aumente a ingestão de fibras formadoras de gel (aveia, cevada, feijão, psyllium). Elas podem ajudar a facilitar a excreção de alguns PFAS.
  • Ventilação e limpeza: Ventile os cômodos e aspire tapetes e estofados com frequência para reduzir a poeira contaminada.
  • Evite repelentes: Minimize o uso de produtos ou tecidos com rótulos de "impermeável" ou "resistente a manchas", a menos que tenham certificação livre de PFAS.
  • Cosméticos conscientes: Evite produtos de maquiagem que contenham termos como "fluoro", "PTFE" ou "perfluoro" na lista de ingredientes.
  • Menos embalagens: Reduza o consumo de alimentos embalados em materiais resistentes à gordura.

Desafios regulatórios e a chamada à ação

A solução definitiva exige mais do que escolhas individuais; ela clama por uma ação coletiva e regulatória urgente:

  • Falta de transparência: Os fabricantes, em muitos casos, não são obrigados a declarar a presença de PFAS nos rótulos, impedindo o consumo consciente.
  • Movimento lento: A regulamentação global é fragmentada. É crucial pressionar por transparência da indústria e políticas públicas robustas que priorizem a saúde sobre a conveniência.

A experiência da jornalista é um alerta: enquanto desfrutamos das conveniências químicas, carregamos um legado tóxico e persistente. O conhecimento sobre a redução de exposição é empoderador, mas a mudança real virá da demanda por um futuro mais seguro e livre desses compostos "eternos".

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