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terça-feira, 23 de dezembro de 2025 às 12:58 GMT+0

Grande grupo brasileiro: A conexão do Brasil com a rede de Jeffrey Epstein revelada em documentos do FBI

A divulgação de dezenas de milhares de páginas de arquivos pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em dezembro de 2025, trouxe à tona novos detalhes sobre o esquema de tráfico sexual operado pelo bilionário Jeffrey Epstein, morto em 2019. Entre os registros, destacam-se referências explícitas a um "grande grupo brasileiro" e o modus operandi de recrutamento de modelos no país.

O conteúdo dos depoimentos ao FBI

Os documentos, tornados públicos por determinação do Congresso americano, incluem anotações manuscritas de entrevistas realizadas pelo FBI em maio de 2019. Nestes relatos, o Brasil é citado em contextos que sugerem o transporte de mulheres para fins de exploração sexual.

Menções diretas e critérios de seleção

As anotações indicam que Epstein impunha critérios específicos para as jovens que lhe eram apresentadas. Em um dos trechos, há a observação de que ele evitava mulheres de "pele escura" ou latinas, embora os documentos narrem uma exceção: uma jovem descrita como de "aparência amazônica" que teria sido levada a ele em um momento de escassez de outras vítimas.

O caso da modelo brasileira

Um dos relatos mais específicos descreve uma jovem que "acabou de vir do Brasil" e trabalhava como modelo. Segundo as notas do FBI, Epstein teria demonstrado particular interesse por ela, mencionando o desejo de fazer pinturas ou esboços da jovem. Uma observação lateral no documento aponta para um histórico de vulnerabilidade:

"vivendo com a mãe aos 13, saiu de casa aos 14".

O papel de Jean-Luc Brunel no recrutamento nacional

O elo entre o esquema de Epstein e o Brasil passa diretamente por Jean-Luc Brunel, ex-agente de modelos francês e colaborador próximo do bilionário. Brunel, que fundou as agências Karin Models e MC2 Models (esta última financiada por Epstein), foi acusado de recrutar jovens sob a promessa de carreiras internacionais.

Visita a Brasília em 2019

  • Reportagens confirmam que, pouco antes da explosão do escândalo que levou à sua prisão, Brunel esteve no Brasil. Em Brasília, ele visitou a agência Mega Model Brasília. Registros em redes sociais da época mostram o agente em testes de seleção (castings) com o objetivo declarado de levar modelos para Nova York.
  • O diretor da agência, Nivaldo Leite, confirmou a visita, mas declarou que o contato foi estritamente profissional e superficial. Segundo Leite, nenhuma modelo da agência chegou a viajar ou manter contrato com Brunel após o encontro, e a empresa não foi formalmente questionada por autoridades internacionais sobre o caso.

Evidências visuais e registros de viagens

Os arquivos liberados pela justiça americana contêm evidências que reforçam a presença de brasileiras no círculo de Epstein:

  • Fotografias de eventos: Existem registros de "festas brasileiras" e "desfiles brasileiros" organizados pelo grupo. Embora muitas faces e locais estejam sob sigilo (tarjados), as legendas confirmam a temática dos eventos.
  • Controle de idade: Os depoimentos sugerem que Epstein conferia documentos de identidade para garantir que as garotas fossem menores de 18 anos, demonstrando uma preferência deliberada por adolescentes.
  • Mapas de viagem: Em montagens de investigação incluídas no processo, o Brasil aparece listado como um dos destinos frequentes de viagem ou origem de contatos do bilionário.

Posicionamento das autoridades brasileiras

  • Questionados sobre a existência de investigações locais para identificar as vítimas brasileiras ou possíveis cúmplices no país, os órgãos governamentais mantêm cautela. O Ministério da Justiça e o Itamaraty direcionaram as consultas à Polícia Federal. Esta, por sua vez, informou que não comenta investigações em andamento, mantendo o sigilo sobre eventuais cooperações com o governo americano a respeito do caso Epstein.
  • Jean-Luc Brunel, o principal elo com o Brasil, foi encontrado morto em sua cela em Paris em 2022, antes de ser julgado por crimes de estupro e tráfico de menores.

O caso, portanto, vai muito além das fronteiras americanas ou europeias. Ele toca o Brasil diretamente, levantando questões urgentes sobre proteção a jovens modelos, tráfico internacional de pessoas e a eficácia dos sistemas de investigação e cooperação jurídica. A busca por justiça para as vítimas de Epstein e sua rede agora inclui, de forma incontornável, a necessidade de se esclarecer quem compunha esse "grande grupo brasileiro" e qual foi seu trágico destino nessa teia de abuso e poder.

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