Lev Tahor: Como uma seita judaica ultraortodoxa usa a fé para cometer crimes e abuso de crianças
Imagem: BBC - Getty Images
As autoridades colombianas realizaram uma operação crucial no domingo, 23 de novembro de 2025, no departamento de Antioquia, lançando luz sobre as atividades da seita ultraortodoxa judaica Lev Tahor, acusada de graves violações.
Resgate de menores e suspeitas de tráfico
A ação resultou no resgate de 17 menores de idade da seita em Yarumal. A urgência da operação foi motivada por sérias suspeitas:
- Busca internacional: Cinco dos resgatados, meninos, meninas e adolescentes, tinham ordem de busca da Interpol por sequestro e tráfico de pessoas.
- Origem dos menores: Os menores seriam provenientes da Guatemala, Estados Unidos e Canadá.
- Cenário de abuso: O departamento de Migração da Colômbia indicou que há "indícios de que alguns deles teriam sido raptados", configurando um possível cenário de tráfico de pessoas sob amparo de doutrina religiosa.
- Tentativa de refúgio: O grupo estaria "procurando um país onde não houvesse restrições para poder dar prosseguimento a supostas atividades irregulares".
Após o resgate, os menores foram levados a Medellín para acompanhamento profissional e suporte migratório. Ao todo, foram identificadas 26 pessoas envolvidas na operação.
O histórico conturbado da seita itinerante
A Lev Tahor, que significa "coração puro" em hebraico, foi fundada em Jerusalém em 1988 pelo rabino Shlomo Helbrans (1962-2017). Estimada entre 250 a 500 membros, a seita é marcada por um histórico de constante evasão das autoridades e sérias acusações:
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Acusações recorrentes: Desde sua fundação, o grupo enfrenta denúncias de abuso infantil, pedofilia, sequestro e negligência com menores.
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Deportação do fundador: Shlomo Helbrans chegou a ser preso em Nova York (1993) e condenado por sequestro de um adolescente, sendo deportado para Israel no ano 2000.
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Refúgios pelo mundo: Para fugir das intervenções judiciais, o grupo se tornou itinerante, passando por:
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Estados Unidos(Brooklyn, Nova York). -
Canadá (Quebec), onde foram acusados de negligência infantil (2013). -
Guatemala e México, onde enfrentaram acusações de sequestro, violação e gravidez forçada. Em dezembro de 2024, 160 crianças foram resgatadas de um assentamento na Guatemala. -
Europa Oriental e Bálcãs, tentando se estabelecer em países como Romênia, Turquia e Macedônia do Norte.
A liderança do grupo, após a morte de Helbrans (2017), ficou a cargo de seu filho, Nachman Helbrans, considerado ainda mais extremista.
Práticas extremas: Austeridade e antissionismo
Apesar de se considerar guardiã da "última chama" do Judaísmo, a Lev Tahor é vista como contrária à lei e tradições judaicas pelo restante da comunidade. Suas práticas são notavelmente rigorosas:
Vestimenta rígida:
- As mulheres são cobertas com roupa preta dos pés à cabeça, exceto o rosto. Os homens vestem preto, usam chapéu e não se barbeiam. A imprensa a denominou como o "talibã judaico".
Dieta extrema (Kosher): Seguem as leis do kashrut de forma extrema:
- Não consomem frango nem ovos de galinha, por considerá-los geneticamente manipulados.
- Evitam arroz, cebolas verdes e verduras, com receio de insetos.
- Retiram a casca de todos os vegetais e frutas.
- Crianças têm doces limitados a chocolate caseiro, frutas e sementes.
Controle e tecnologia:
- Evitam estritamente o uso de aparelhos eletrônicos, incluindo televisores e computadores.
Postura política:
- São antissionistas, temendo que a fé judaica seja substituída pelo nacionalismo secular no Estado de Israel.
A preocupação com a Colômbia
A chegada da seita à Colômbia, no final de outubro, gerou um rápido alerta. O representante da comunidade judaica no país, Marcos Peckel, enfatiza que a Lev Tahor não tem vínculo algum com a comunidade judaica local e celebrou a operação, classificando-a como "rápida e oportuna".
- Risco de refúgio: Há uma preocupação latente de que a geografia acidentada e as zonas remotas da Colômbia possam ser usadas como refúgio pela seita, de forma similar a grupos armados e criminosos.
- Gravidade das acusações: As denúncias de ex-membros e familiares incluem castigos corporais contra menores e casamento forçado de meninas com homens mais velhos.
Repúdio inegociável à manipulação em nome da fé
A investigação sobre a Lev Tahor serve como um alerta global de que a verdadeira fé jamais pode ser escudo para a violência e o crime. Repudiamos veementemente qualquer seita que deturpe preceitos religiosos para justificar atos hediondos como tráfico, sequestro, abuso e manipulação de crianças.
A religião deve ser um farol de moralidade, não um disfarce para a escuridão. É imperativo que a comunidade internacional e as autoridades atuem com rigor para desmantelar esses abusos, garantindo que os direitos humanos e a segurança das vítimas, especialmente dos menores, sejam sempre a prioridade máxima, libertando-os da tirania travestida de doutrina.
