Deepfake e fraudes biométricas: Como golpistas burlam o "gov.br" e como se proteger

A tecnologia de deepfake, que utiliza inteligência artificial para criar vídeos e áudios falsos hiper-realistas, tem sido aproveitada por golpistas para burlar sistemas de reconhecimento facial, inclusive em plataformas governamentais como o Gov.br. Embora a biometria seja considerada segura, ela não é imune a falhas, e criminosos estão encontrando maneiras cada vez mais sofisticadas de enganar esses sistemas.
A biometria é segura, mas não inviolável:
Daniel Barbosa, pesquisador de segurança da ESET no Brasil, explica que, apesar da autenticação biométrica ser uma das formas mais confiáveis de verificação, ela pode ser burlada com técnicas avançadas, como deepfakes, ou até mesmo com métodos simples, como fotos impressas. Por isso, é essencial combinar a biometria com outras camadas de segurança, como senhas fortes e autenticação em dois fatores.
Deepfake vai além de entretenimento e política:
Enquanto muitas pessoas associam deepfakes a vídeos falsos de celebridades ou figuras públicas, criminosos estão usando a tecnologia para fraudes mais graves. Com apenas algumas fotos ou segundos de áudio, é possível criar falsificações convincentes o suficiente para enganar sistemas de segurança avançados. Além disso, ferramentas para produzir deepfakes estão se tornando mais acessíveis, permitindo que até mesmo pessoas sem conhecimentos técnicos profundos realizem esses golpes.
Plataformas vulneráveis e riscos à privacidade:
Além do Gov.br, bancos, fintechs, aplicativos de delivery e até consultórios médicos estão na mira dos golpistas. O uso crescente da biometria como método de autenticação levanta preocupações sobre a proteção de dados pessoais, já que, diferentemente de senhas, informações biométricas não podem ser alteradas em caso de vazamento. Por isso, é fundamental que empresas sigam rigorosamente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para garantir a segurança dessas informações.
Como se proteger de fraudes com deepfake:
Daniel Barbosa recomenda algumas medidas práticas para reduzir os riscos:
1.
Usar senhas fortes e diferentes para cada serviço.
2.
Ativar a autenticação em dois fatores sempre que possível.
3.
Evitar expor fotos e vídeos em excesso nas redes sociais.
4.
Manter dispositivos protegidos com antivírus e atualizações em dia.
5.
Verificar regularmente o histórico de acessos em plataformas como o Gov.br.
A importância da vigilância constante:
Muitas vezes, as vítimas só percebem que foram fraudadas tardiamente. Por isso, é crucial ficar atento a sinais como alterações suspeitas em dados cadastrais ou acessos não reconhecidos. Caso isso ocorra, a orientação é mudar imediatamente as senhas, ativar autenticação em dois fatores, registrar um boletim de ocorrência e contatar o suporte da plataforma afetada.
As fraudes com deepfake estão se tornando mais frequentes e sofisticadas, exigindo não apenas avanços tecnológicos na segurança digital, mas também maior conscientização dos usuários. A combinação de medidas de proteção, como autenticação multifatorial e cuidado com a exposição de dados pessoais, é essencial para reduzir os riscos. Como destacado pelo especialista, “não dá mais para depender só da tecnologia; a consciência do usuário também precisa evoluir”.