A tática imprevisível de Trump: Tarifas como arma de pressão geopolítica, crise global e o veredito da Suprema Corte
Este resumo apresenta uma análise detalhada e instigante sobre a tática do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de utilizar tarifas comerciais de forma sem precedentes, transformando-as em um instrumento de pressão geopolítica e política interna, colocando países aliados e adversários em uma situação negocial extremamente difícil.
O uso inovador e problemático das tarifas
- A importância central desta análise reside na clara relevância de que Donald Trump rompeu com o uso tradicional das tarifas, que historicamente serviam para corrigir desequilíbrios comerciais ou proteger o mercado interno.
- Em primeiro lugar, o método preferido do Presidente Trump para obter vantagem sobre países adversários na mesa de negociações é o aumento de tarifas, e ele o faz independentemente de a questão estar estritamente ligada ao comércio.
- Em segundo lugar, a medida demonstra um uso inédito de alavancagem econômica para exercer pressão.
- Um exemplo notável, que ilustra essa nova abordagem, é a imposição de um aumento de 10% nas tarifas sobre o Canadá após o presidente não ter gostado de um comercial anti-tarifa veiculado por Ontário nos Estados Unidos.
A situação quase impossível para os países adversários
A importância do incidente com o Canadá reside em sua relevância por revelar a situação precária e imprevisível que os países que negociam com os Estados Unidos enfrentam.
1. Eles são obrigados a negociar acordos comerciais com uma mentalidade puramente transacional, questionando-se: "O que podemos oferecer?".
2. Os negociadores devem ter sempre uma oferta extra guardada, pois precisam estar prontos para que, no último minuto, o Presidente Trump exija mais.
3. Este é um complicador fundamental, as tarifas retaliatórias são aplicadas por questões aparentemente não relacionadas ao comércio.
Isso significa que nenhum país pode prever qual decisão, política, ou indisposição poderá ofender Trump, desencadeando uma retaliação tarifária praticamente a qualquer momento.
Exemplos de pressão em casos geopolíticos e políticos
A importância destes exemplos reside na sua relevância por demonstrarem a extensão do uso da "arma tarifária" em contextos variados, nem sempre puramente econômicos.
- No caso da Índia, a tarifa de 50% foi imposta porque o país continuava comprando petróleo da Rússia. Embora seja um exemplo com uma "centelha de lógica geopolítica", pois poderia, com algum esforço, ser relacionado ao objetivo estratégico de interromper a guerra entre Rússia e Ucrânia, a medida é extrema.
- No caso do Brasil, a tarifa foi elevada para 50% em retaliação ao processo do ex-presidente Jair Bolsonaro por suposta tentativa de reverter uma eleição, o que Donald Trump descreveu como "uma caça às bruxas". O aumento da tarifa, que era de cerca de 10%, teve um impacto significativo na economia brasileira, com as exportações de cafés especiais caindo 70% e o FMI alertando para uma desaceleração econômica generalizada.
- A Colômbia teve a ajuda externa cortada e as tarifas aumentadas (em valor não especificado) após seu presidente, Gustavo Petro, criticar os bombardeios de Trump a supostos traficantes de drogas, levando Trump a chamá-lo de "um líder do tráfico de drogas".
Em países com democracias frágeis, essa perturbação econômica causada pelas tarifas pode ter efeitos políticos devastadores.
O exemplo da China e o futuro da arma tarifária
A importância do caso da China e da atuação da Suprema Corte é a relevância que eles têm para o futuro dessa política comercial.
- A China, sob a liderança de Xi Jinping, é o único país que conseguiu "vencer" Trump até agora. Xi dominou a arte de fazer Trump parecer vitorioso, enquanto o líder chinês silenciosamente proclamava a vitória em seu país, saindo de um encontro com uma redução nas tarifas.
- O futuro da ferramenta tarifária está sob escrutínio da Suprema Corte dos Estados Unidos, que deve ouvir o recurso de Trump contra decisões de tribunais inferiores que consideraram o uso de tarifas como instrumento de pressão, sob seus poderes de emergência, como ilegal.
- A Suprema Corte tem a capacidade de enfraquecer significativamente o uso da ferramenta favorita de Donald Trump, caso mantenha as decisões dos tribunais inferiores. No entanto, o histórico da Suprema Corte com maioria conservadora indica que as tarifas podem não ser barradas. Analistas consideram que a política tarifária se tornará o "novo normal" na política econômica americana.
Um novo padrão de política econômica global
Em conclusão, a análise demonstra que o Presidente Donald Trump estabeleceu um novo e volátil padrão na política econômica internacional, onde as tarifas transcenderam sua função comercial tradicional para se tornarem uma poderosa ferramenta de coerção geopolítica e política interna. Os países ao redor do Mundo estão alertados para a imprevisibilidade dessa "arma", que pode ser disparada a qualquer momento, por razões frequentemente não comerciais. A continuidade e a legalidade dessa estratégia dependem, em última instância, da iminente decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos.
