Conteúdo verificado
terça-feira, 3 de junho de 2025 às 11:27 GMT+0

Espionagem digital na Coreia do Norte: Celulares vigiados, prints a cada 5 minutos e correção de termos "ilegais" revelam o controle de Kim Jong-Un

Uma investigação recente da BBC, em parceria com o jornal sul-coreano Daily NK, revelou novos e preocupantes detalhes sobre o nível extremo de controle exercido pelo regime da Coreia do Norte sobre os celulares utilizados pela população. A reportagem, baseada em um aparelho contrabandeado para fora do país, mostra como o governo liderado por Kim Jong-Un utiliza a tecnologia não apenas como ferramenta de comunicação, mas como mecanismo de censura, doutrinação e vigilância em tempo real.

Como os celulares funcionam na Coreia do Norte

Embora externamente semelhantes a smartphones convencionais, os celulares norte-coreanos são modificados com um sistema operacional desenvolvido para monitorar e censurar as atividades dos usuários. Ao serem ligados, esses aparelhos passam a registrar:

  • Palavras digitadas, corrigindo termos considerados “ilegais” ou inadequados à ideologia do regime;
  • Imagens de tela (prints) tiradas automaticamente a cada cinco minutos e armazenadas em pastas ocultas acessíveis somente pelas autoridades;
  • Alertas ideológicos: Por exemplo, ao digitar a palavra “oppa” (termo carinhoso usado na Coreia do Sul), o sistema substitui por “camarada” e emite um aviso. A menção à “Coreia do Sul” também é trocada automaticamente por “estado fantoche”.

Segundo o especialista Martyn Williams, entrevistado pela BBC, os smartphones hoje são uma das principais ferramentas utilizadas pelo regime para doutrinar os cidadãos e impedir que eles tenham contato com visões externas. Ele destaca que o regime está vencendo a guerra da informação dentro do país ao se antecipar ao avanço da tecnologia.

Relevâncias e implicações

  • Censura e doutrinação constante: O sistema interfere diretamente na linguagem e nos pensamentos do cidadão, reforçando a ideologia do regime e eliminando influências externas.

  • Privacidade inexistente: Além de registros de digitação e capturas de tela, o governo pode confiscar os aparelhos caso suspeite de descumprimento de normas.

  • Repressão também é estética: Como revelou Kang Gyuri, uma desertora norte-coreana, o controle se estende à aparência física, com autoridades parando mulheres nas ruas por usarem roupas ou penteados semelhantes aos da Coreia do Sul.

  • Bloqueio de informações externas: Jornais estrangeiros e canais de fora são proibidos, dificultando o acesso a diferentes realidades. Ainda assim, parte da população resiste usando ondas curtas de rádio durante a madrugada ou consumindo conteúdos clandestinos em pendrives e cartões de memória, muitas vezes contrabandeados em caixas de frutas.

Importância internacional e cibernética

  • Além da vigilância interna, o regime também tem se destacado em práticas de espionagem digital. Relatórios revelam que hackers norte-coreanos usaram aplicativos falsos na Play Store para roubar dados e, só em 2024, podem ter desviado mais de 4 bilhões de reais em criptomoedas, segundo investigações internacionais. Isso indica que o país não apenas investe em tecnologia de controle interno, mas também em estratégias externas para financiar suas operações.

O sistema de vigilância implementado pela Coreia do Norte em seus celulares vai muito além da censura digital: ele representa uma ferramenta abrangente de repressão ideológica, vigilância e isolamento cultural. O controle da linguagem, da aparência e da informação reforça um regime que busca manter sua população alheia à realidade do mundo exterior. Ainda assim, há sinais de resistência silenciosa, com norte-coreanos arriscando suas vidas para acessar conteúdos proibidos e fugir das amarras de um sistema que vigia, corrige e pune. A denúncia feita por essa investigação é fundamental para que o mundo não ignore a profundidade da repressão digital imposta pelo regime de Kim Jong-Un.

Estão lendo agora

Micróbios em casa: Benefícios e perigos invisíveis para sua saúdePassamos 90% do nosso tempo em ambientes fechados, convivendo com milhares de micróbios invisíveis. Esses microrganismos...
Melhor Investimento: Como R$ 1.000 se transformam na Poupança, Tesouro Direto e CDB com a Selic a 11,75%Na quarta-feira (13/12), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou uma redução de 0,5 ponto perce...
Ômega-3: O que a ciência diz sobre seus benefíciosO óleo de peixe, rico em ácidos graxos ômega-3, é frequentemente destacado por seus potenciais benefícios à saúde, inclu...
Empréstimo Consignado CLT: Você pode contratar mesmo com o nome sujo - Resumo sobre o que realmente precisa para conseguir o empréstimoO empréstimo consignado CLT é uma nova modalidade de crédito lançada pelo governo federal, que utiliza o Fundo de Garant...
Golpe do "Enjoei": Entenda como criminosos usam a plataforma e saiba como se protegerNos últimos anos, os golpes pela internet cresceram de forma alarmante. Um desses golpes, cada vez mais comum, envolve o...
Marvel em 2025: Quarteto Fantástico, Demolidor, Homem-Aranha e mais! Confira todos os lançamentosO ano de 2025 promete ser um marco para os fãs da Marvel, com um calendário repleto de lançamentos que incluem filmes, s...
Corpus Christi: Feriado ou ponto facultativo? Entenda a diferença nas capitais brasileirasO dia de Corpus Christi é uma celebração tradicional, mas não é um feriado nacional no Brasil. O Governo Federal o class...
A história do pão: Da pré-história à modernidade – Como surgiu o alimento mais consumido do mundo?O pão é muito mais do que um simples alimento: é um símbolo de criatividade, tradição e conexão entre povos e gerações. ...
"As fotografias que revelam o passado oculto das favelas brasileiras": Uma jornada históricaAs fotografias têm o poder de nos transportar para épocas e lugares distantes, revelando narrativas profundas e história...
Reflexão: A violência policial no Brasil - Um problema estrutural e políticoA violência policial no Brasil é tema recorrente de discussões e protestos, com raízes históricas profundas e ramificaçõ...
Relação entre redes sociais e saúde mental: A perspectiva de Mark ZuckerbergRecentemente, Mark Zuckerberg, cofundador e CEO da Meta, abordou em uma entrevista ao site The Verge a polêmica sobre a ...