Robôs contra a solidão: Como a Coreia do Sul usa IA para combater suicídio de idosos
Uma crise de saúde mental K-Elderly
A Coreia do Sul enfrenta uma situação alarmante, com a maior taxa de suicídio entre idosos nas nações desenvolvidas (OCDE).
- Taxas alarmantes: Cerca de 10 idosos cometem suicídio diariamente, refletindo uma crise persistente que também afeta outros países do Leste Asiático como Japão e Hong Kong.
- Sociedade "super-envelhecida": O país foi rapidamente classificado como uma sociedade "super-envelhecida", com mais de 10 milhões de pessoas com 65 anos ou mais, representando um quinto da população.
Desmantelamento social:
A rápida transformação econômica levou ao declínio dos lares multigeracionais e do apoio familiar.
- Um em cada três idosos sul-coreanos vive sozinho.
- Este isolamento alimenta a solidão, dificuldades financeiras e o sentimento de ser um fardo, fatores diretamente ligados à depressão e ao suicídio.
A inovação com o fator "fofura" (Hyodol)
O governo sul-coreano recorreu a empresas de tecnologia para preencher a lacuna na assistência social. A empresa Hyodol desenvolveu um robô em forma de boneca, alimentado por IA, como uma solução de apoio emocional e prático.
- Design confortante: O robô de pelúcia (38 a 50 cm) é projetado para ser abraçado, respondendo ao toque.
- Interação infantil: O chatbot com IA fala com a voz alegre de uma criança de sete anos, facilitando o vínculo e a confiança, especialmente para idosos menos familiarizados com tecnologia.
Sua saudação ao retorno para casa: "Vovó/Vovô, eu estava esperando você o dia todo" é um recurso emocional poderoso.
Suporte prático e monitoramento: O sistema também atua como um assistente de saúde:
- Oferece lembretes de medicação e alertas de emergência.
- Permite que assistentes sociais monitorem remotamente informações diárias (como horários das refeições) através de um aplicativo e plataforma online.
- Resultados positivos: Mais de 12 mil robôs Hyodol foram distribuídos. Pesquisas indicam uma redução na depressão e melhores pontuações cognitivas em idosos que usam o robô regularmente, ajudando a adiar a internação em casas de repouso.
Considerações éticas e abordagens alternativas
O forte vínculo emocional formado com os robôs levanta importantes questões éticas sobre dependência e dignidade.
- Dependência emocional: Em alguns casos, o apego ao robô levou ao isolamento social da vida real.
- Dignidade e autonomia: Especialistas levantam preocupações sobre a infantilização e a diminuição da dignidade de idosos ao serem monitorados por um "boneco semelhante a um bebê".
- O Hyodol não é universal: A empresa reconhece que o robô não é ideal para todos, sendo mais aceito por usuários mais velhos (idade média de 82 anos) e menos independentes.
- Privacidade de dados: A Hyodol afirma que os dados médicos coletados são anonimizados e as gravações de voz são usadas apenas para treinamento interno.
O companheiro não-humano (PARO)
Uma abordagem diferente prospera no Japão, focada em um companheiro sem comunicação verbal para evitar preocupações com a segurança e o vazamento de conversas.
- Foca terapêutica PARO: O PARO é uma foca robô bebê, suave e não-verbal, que atua como um animal terapêutico.
- Comprovada eficácia: Seu uso demonstrou melhorias em sintomas de ansiedade, depressão e agitação, sendo usado globalmente com idosos com demência e veteranos com TEPT.
"A solidão na velhice é um eco silencioso da desconexão humana. Quando um robô se torna a última voz de conforto, não celebramos a tecnologia; confrontamos a ética do nosso próprio abandono. A verdadeira inovação não é criar um substituto para o afeto, mas usar a IA como uma ponte, nunca como um refúgio final, para restaurar a dignidade e o toque humano que todo idoso merece."
O futuro da companhia robótica
Independentemente da abordagem (o "neto" falante coreano ou a foca terapêutica), o mercado global de robôs para cuidados com idosos está em rápida expansão, com previsão de atingir US$ 7,7 bilhões até 2030. Empresas como a Hyodol planejam uma expansão global, adaptando sua IA para diferentes nuances culturais.
