Alerta vermelho: Invasão de produtos chineses ameaça indústria nacional

Nos primeiros cinco meses de 2025, o Brasil registrou um volume recorde de importações vindas da China, atingindo US$ 29,5 bilhões
, um aumento expressivo de 26% em comparação ao mesmo período de 2024. Esse crescimento acentuado, somado à queda de 10% nas exportações brasileiras para o país asiático, levou o governo federal a reforçar medidas de defesa comercial para proteger a indústria nacional.
Importâncias e relevâncias:
Aumento histórico nas importações
- O valor das importações chinesas bateu recorde no Brasil, influenciado por fatores pontuais, como a compra de uma plataforma de petróleo no valor de
US$ 2,6 bilhões
. Embora essa aquisição tenha impacto direto na balança comercial, o crescimento consistente de outras categorias acendeu um sinal de alerta.
Setores mais afetados: Siderurgia e automobilístico
- A indústria do aço e a de veículos elétricos são os setores mais sensíveis à concorrência chinesa. Esses produtos chegam ao Brasil muitas vezes com preços abaixo dos praticados internamente, o que caracteriza dumping — prática que prejudica a competitividade das empresas brasileiras, podendo levar à perda de empregos, fechamento de fábricas e retração econômica.
Medidas do governo para conter os impactos
- O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin declarou que o governo está vigilante e agindo para conter o que chamou de “enxurrada de produtos” chineses. Ressaltou que a ação não se trata de protecionismo, mas de uma legítima defesa comercial para garantir a sobrevivência da indústria nacional.
Ações concretas já tomadas
- Em maio, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) renovou a tarifa de 25% sobre a importação de 19 tipos de aço e ampliou a taxação para mais 4 grupos, totalizando 23 tipos. A medida terá validade de 12 meses.
- No início de junho, o Departamento de Defesa Comercial (Decom) abriu a maior investigação da história envolvendo 25 grupos de produtos siderúrgicos chineses. O objetivo é apurar indícios de dumping.
- A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) vem tentando antecipar o aumento da tarifa de importação para veículos elétricos chineses, que está atualmente em 18% e será elevada para 35% apenas em julho de 2026.
A pressão da China e o impasse tarifário
- Enquanto o Brasil analisa o aumento de tarifas para proteger sua produção, a China pressiona pela redução de impostos, o que gera tensão diplomática e comercial. Até o momento, não houve resposta oficial aos pedidos chineses nem da indústria automotiva nacional.
Impacto na balança comercial e nas relações internacionais
- A compra pontual de produtos de alto valor e o crescimento das importações desequilibraram a balança comercial brasileira em fevereiro, gerando um déficit raro de
US$ 300 milhões
. Isso ocorre em meio a tensões crescentes entre China e Estados Unidos, que têm levado o país asiático a redirecionar seus excedentes para mercados como o Brasil.
A disparada nas importações de produtos chineses, especialmente nos setores siderúrgico e automobilístico, expõe vulnerabilidades da indústria brasileira diante da concorrência internacional e reforça a necessidade de estratégias de defesa comercial mais eficientes. Embora o governo federal já tenha adotado medidas como a renovação de tarifas e a abertura de investigações por dumping, especialistas alertam que o Brasil precisa agir com rapidez e equilíbrio. A proteção à produção nacional deve caminhar lado a lado com o respeito às normas do comércio internacional e à busca por acordos comerciais mais justos e sustentáveis. O que está em jogo vai além de tarifas e balança comercial: trata-se da preservação da indústria, dos empregos e da soberania econômica do país.