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quarta-feira, 17 de setembro de 2025 às 10:14 GMT+0

PEC da Blindagem: O que é e como ela pode 'proteger' parlamentares da justiça - O que pode mudar no combate à corrupção no Brasil?

A Câmara dos Deputados aprovou, em 16 de setembro de 2025, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que está no centro de um grande debate político. Conhecida como "PEC das Prerrogativas" pelos defensores e "PEC da Blindagem" pelos críticos, a proposta busca alterar as regras do foro privilegiado e da imunidade parlamentar. Entenda os pontos-chave dessa polêmica e suas possíveis consequências.

O que foi aprovado?

A PEC foi aprovada na Câmara em dois turnos, com 353 e 344 votos, respectivamente. Agora, a proposta segue para o Senado Federal, onde precisa ser aprovada com um quórum de 49 senadores em dois turnos.

As mudanças propostas: Mais poder ao Congresso?

A PEC mexe diretamente no artigo da Constituição que trata das imunidades dos parlamentares. As principais alterações são:

  • Autorização para processos: A proposta resgata a regra de 1988, exigindo que o Supremo Tribunal Federal (STF) peça uma autorização da Câmara ou do Senado para iniciar um processo criminal contra um de seus membros. Essa regra havia sido revogada em 2001.
  • Votação secreta e prazo: A decisão sobre autorizar ou não o processo seria feita por votação secreta, precisando da aprovação de 257 deputados ou 41 senadores. O Congresso terá 90 dias para se manifestar.
  • Prisão em flagrante: A votação para manter ou derrubar a prisão em flagrante de um parlamentar, hoje feita de forma aberta, passaria a ser secreta.
  • Expansão do foro: O foro privilegiado no STF seria estendido para incluir também os presidentes de partidos políticos.

É importante notar que a versão aprovada não exige mais aval do Congresso para a abertura de investigações (o STF mantém essa autonomia), e não altera o quórum para condenação no STF.

Por que agora? A tensão entre poderes

A discussão da PEC ganhou força em um momento de forte atrito entre o Congresso e o STF.

  • Reação a decisões do STF: O debate se intensificou após uma série de decisões do Supremo que envolveram figuras políticas, como a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e a prisão do ex-deputado Daniel Silveira.
  • Apoio político: A proposta tem apoio de uma ampla base que inclui partidos do Centrão e parlamentares alinhados ao bolsonarismo. Eles argumentam que a PEC protege o Legislativo de uma suposta “perseguição política” e da “judicialização” da política.
  • Investigações em curso: A tramitação da PEC coincide com investigações do STF sobre esquemas de corrupção envolvendo a distribuição de emendas parlamentares, o que coloca muitos congressistas sob escrutínio.

Defensores vs. Críticos: Dois lados da moeda

O debate sobre a PEC é polarizado, com argumentos sólidos de ambos os lados:

  • Argumentos dos defensores: Eles veem a PEC como uma forma de "libertação" do Congresso. Para eles, a medida acaba com a "chantagem" e a "perseguição" de ministros do STF, que não foram eleitos pelo voto popular.

  • Argumentos dos críticos: Os opositores alertam que a proposta promove a impunidade e protege políticos corruptos. Eles lembram que, quando a regra da autorização prévia existia (1988-2001), nenhum dos mais de 300 pedidos de processo foi aprovado, mesmo em casos graves.

O que está em jogo?

A PEC não é apenas uma questão burocrática; ela tem o potencial de impactar diretamente o sistema político brasileiro:

  • Equilíbrio de poderes: A proposta pode alterar o delicado balanço entre o Legislativo e o Judiciário, dando mais poder ao Congresso para controlar a atuação do STF sobre seus membros.
  • Transparência: A reintrodução da votação secreta para decisões sobre processos e prisões é vista por críticos como um retrocesso, pois diminui a transparência e a prestação de contas aos eleitores.
  • Combate à impunidade: O principal ponto de discussão é se a PEC irá fortalecer a impunidade, ao criar uma barreira política para processos, ou se, de fato, protege os parlamentares de investigações arbitrárias.

"O Judiciário precisa de limites contra abusos, mas blindar políticos é inverter a lógica: ao invés de proteger o povo da corrupção, protege-se os corruptos do povo. Esse é o verdadeiro perigo."

A aprovação da PEC na Câmara é uma vitória significativa para quem busca reforçar as imunidades parlamentares. Agora, o destino da proposta no Senado determinará se a “PEC da Blindagem” se tornará uma nova regra no jogo político brasileiro.

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