PGR denuncia plano "Magnitsky" de coação internacional de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo para pressionar o STF

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o empresário Paulo Figueiredo ao Supremo Tribunal Federal (STF). Eles são acusados de coação no curso do processo e obstrução de Justiça, respectivamente.
A denúncia aponta que eles teriam usado suas relações nos Estados Unidos para pressionar ministros do STF, especialmente o relator Alexandre de Moraes, a fim de influenciar no julgamento de Jair Bolsonaro, acusado de crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Entenda as acusações e as provas
A PGR acusa Eduardo Bolsonaro de tentar coagir os ministros do STF, enquanto Paulo Figueiredo é visto como o articulador das ações nos EUA. A denúncia apresenta diversas provas, incluindo:
- Articulação internacional: Ambos são acusados de viajar repetidamente aos EUA, após a posse de Donald Trump, para se reunir com autoridades americanas.
- Ameaça de sanções: A PGR alega que os denunciados se apresentavam como capazes de articular sanções graves contra o Brasil e autoridades brasileiras. A ideia era usar essas sanções como "moeda de troca" para a absolvição de Jair Bolsonaro.
- Cronologia dos ataques: A denúncia conecta as ações dos acusados a uma série de medidas concretas do governo dos EUA:
- Tarifas econômicas: Em julho de 2025, foram impostas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
- Suspensão de vistos: No mesmo mês, vistos de oito dos 11 ministros do STF foram suspensos.
- Sanções pela Lei Magnitsky: O ministro Alexandre de Moraes e, posteriormente, sua esposa e empresa, foram alvo de sanções americanas. Outras autoridades, como o Advogado-Geral da União, também tiveram seus vistos revogados.
Declarações públicas:
A denúncia cita entrevistas de Eduardo Bolsonaro onde ele defendeu as sanções como um "sacrifício necessário", o que, para a PGR, demonstra sua intenção de pressionar o Judiciário.
- Eduardo Bolsonaro diz que sanção de esposa de Moraes é ‘pressão’ por anistia
- Eduardo publicou em sua conta no X (antigo Twitter): "De garantido só posso falar uma coisa: tem muito mais por vir", destaca a procuradoria.
A defesa dos acusados
Em resposta, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo classificaram a denúncia como "fajuta". Eles afirmaram que apenas exerceram seu direito de "peticionar ao governo" dos EUA para corrigir o que consideram "abusos e injustiças", e acusaram a PGR de "repressão transnacional".
Os próximos passos no STF
O processo agora está nas mãos do Supremo Tribunal Federal, onde passará pelas seguintes etapas:
- Análise do relator: O ministro Alexandre de Moraes irá analisar a denúncia.
- Votação: O caso será votado pela Primeira Turma do STF, formada por cinco ministros.
- Abertura do processo: Se a maioria da Turma aceitar a denúncia, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo se tornarão réus e um processo criminal será iniciado.
A relevância do caso
Este caso tem grande importância por diversos motivos:
- Defesa da democracia: A denúncia é um marco na proteção da autonomia do Judiciário contra pressões externas.
- Crise internacional: O caso mostra como as disputas políticas internas podem se tornar internacionais, com o uso de sanções como "armas".
- Impacto nas relações diplomáticas: As sanções americanas e a reação brasileira geraram uma tensão significativa nas relações entre os dois países.
O desfecho deste caso será crucial para o futuro da política e da justiça no Brasil, testando a resiliência das instituições democráticas diante de ameaças complexas.