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quarta-feira, 25 de junho de 2025 às 10:35 GMT+0

O lado oculto do ChatGPT: Exploração, trauma e impacto ambiental por trás da IA 'Mágica'

Quando interagimos com o ChatGPT, a impressão de que a tecnologia é "mágica" é cuidadosamente cultivada por empresas como a OpenAI, cujo CEO, Sam Altman, usa termos como "sobrenatural" para descrever seus produtos. No entanto, por trás dessa fachada futurista, há uma realidade menos glamorosa: exploração de trabalhadores, consumo desenfreado de recursos naturais e cadeias produtivas opacas. A jornalista e engenheira Karen Hao, autora do livro Empire of AI, investigou esses aspectos em profundidade, revelando um sistema que depende de desigualdades estruturais para funcionar.

A OpenAI: De laboratório de pesquisa a "império" corporativo

  • Origem nobre, mudança de rumo: A OpenAI foi fundada como um laboratório sem fins lucrativos, com a missão de desenvolver uma inteligência artificial geral (AGI) que beneficiasse a humanidade. No entanto, após um investimento de US$ 1 bilhão da Microsoft em 2019, a empresa passou a priorizar o lucro, abandonando parte de seus ideais iniciais.

  • Sigilo e contradições: Hao destacou em seu livro que, apesar do discurso de transparência, a OpenAI opera com alto grau de reserva, especialmente sobre suas práticas comerciais e impactos sociais. A empresa se recusou a colaborar com a apuração do livro, e Altman chegou a descredibilizar publicamente obras críticas como a de Hao.

O lado obscuro do treinamento de IA: Trabalho precarizado e trauma psicológico

  • Moderação de conteúdo "grotesca": Para filtrar textos violentos, sexuais e de ódio gerados pela própria IA, a OpenAI e outras empresas terceirizam milhares de trabalhadores em países como Quênia e Colômbia. Eles são expostos a materiais extremamente perturbadores por salários baixíssimos.

  • Histórias de vida impactadas: Mophat Okinyi, um queniano contratado para moderar conteúdo sexual, desenvolveu trauma psicológico após ler descrições de abuso infantil e zoofilia. O trabalho arruinou seu casamento e sua saúde mental, levantando a questão: "O que recebi em troca valeu o que perdi?"

  • Terceirização do "trabalho sujo": Empresas como a OpenAI usam intermediárias para contratar mão de obra barata, distanciando-se da responsabilidade sobre condições de trabalho degradantes.

O custo ambiental: Data centers e colonialismo digital

  • Consumo estratosférico de energia e água: Treinar modelos como o GPT-4 consome tanta eletricidade quanto 70,5 mil casas em países em desenvolvimento. Cada pergunta ao ChatGPT gasta 10 vezes mais energia que uma busca no Google.

  • Impacto em comunidades vulneráveis: No Chile, um data center do Google foi barrado após protestos de ativistas, que revelaram que a estrutura consumiria 169 litros de água potável por segundo — mais que o suficiente para abastecer 89 mil pessoas.

  • Políticas questionáveis: O Brasil, por exemplo, está incentivando a instalação de data centers com desonerações fiscais, mas sem garantias de sustentabilidade claras.

A resistência e alternativas possíveis

Não é inevitável: Hao enfatiza que a IA é resultado de escolhas humanas, não de um destino inexorável. Movimentos de artistas, educadores e ativistas estão questionando seu uso indiscriminado.

Caminhos mais éticos:

  • Modelos de código aberto: Alternativas menos centralizadas e mais transparentes.
  • Regulação governamental: Países podem exigir que empresas respeitem direitos trabalhistas e ambientais como condição para operar.
  • Consciência do consumidor: Questionar a narrativa das empresas e pressionar por transparência.

Desmistificando a IA para um futuro mais justo

A inteligência artificial não é neutra — ela reflete as desigualdades e abusos do sistema que a produz. O livro de Karen Hao expõe as contradições de uma indústria que fala em "beneficiar a humanidade" enquanto explora trabalhadores e recursos naturais. A mudança depende da pressão social, de regulamentações rigorosas e da busca por modelos tecnológicos que priorizem pessoas acima do lucro. Como Hao afirma:

"Quando você ouvir que a IA é inevitável, lembre-se de que essa narrativa serve aos interesses de quem a criou".

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