Por que empresários e alguns políticos americanos querem impedir as tarifas de Trump contra o Brasil?

Em julho de 2025, o governo dos Estados Unidos, liderado pelo presidente Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros, medida que deve entrar em vigor em 1º de agosto. A decisão gerou preocupação em ambos os países, com impactos potenciais em setores como café, suco de laranja e aviação. Enquanto o Brasil busca negociar, empresas e políticos americanos pressionam Trump para reconsiderar, alertando para consequências econômicas negativas.
O anúncio das tarifas e seus impactos imediatos
Em 9 de julho, Trump anunciou as tarifas como resposta a alegações de "perseguição política" ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Os setores mais afetados incluem:
- Café: Os EUA são o maior comprador do produto brasileiro, responsável por 16,4% das exportações (dados do Cecafé). Pequenas cafeterias, como o Rock City Coffee, no Maine, já anunciaram aumentos de preços.
- Suco de laranja: O Brasil fornece 41,7% das importações americanas. Empresas como Johanna Foods alertaram para riscos de desemprego e alta de 20-25% nos preços.
- Aviação: A Embraer, principal exportadora de jatos, enfrenta custos extras de US$ 9 milhões por aeronave, com risco de adiamento de entregas para clientes como a SkyWest.
A mobilização do empresariado e políticos americanos
Diversos grupos nos EUA estão pressionando por uma revisão da medida:
Entidades empresariais:
A U.S. Chamber of Commerce e a Amcham Brasil destacaram que mais de 6,5 mil pequenas empresas americanas dependem de importações brasileiras, e 3,9 mil têm investimentos no país.
Congresso americano:
- Senadores democratas acusaram Trump de "abuso de poder" em carta, citando prejuízos a 130 mil empregos e ameaça de retaliação brasileira.
- O Congressional Coffee Caucus (com apoio bipartidário) pediu isenção para o café, já que os EUA produzem menos de 1% do que consomem.
Setor privado:
- Empresas como a SkyWest afirmaram que as tarifas prejudicam comunidades rurais dependentes de aviões da Embraer.
As preocupações econômicas e políticas
- Custos para consumidores: Tiffany Smith, do National Foreign Trade Council, classificou a tarifa de 50% como "proibitiva", podendo paralisar importações e forçar ajustes nas cadeias produtivas.
- Diplomacia: A falta de diálogo direto entre Trump e Lula é criticada, embora missões do Senado brasileiro e o vice-presidente Geraldo Alckmin sinalizem abertura para negociações.
- Contexto global: Analistas veem a medida como parte de uma estratégia trumpista para pressionar abertura de mercados, mas com riscos de escalada comercial.
Um cenário de incertezas e possíveis caminhos
A imposição de tarifas representa um desafio para as relações bilaterais, com efeitos concretos em setores estratégicos. Enquanto empresários e legisladores americanos destacam os danos à economia dos EUA, o Brasil busca evitar retrocessos em acordos comerciais. A solução pode passar por:
- Diálogo direto: Uma conversa entre Trump e Lula, como sugerido pela U.S. Chamber of Commerce.
- Isenções setoriais: O secretário de Comércio Howard Lutnick sinalizou possíveis exceções para café e frutas.
- Adaptação das empresas: Realocação de cadeias produtivas ou repasse de custos, embora com impactos sociais.
A guerra tarifária entre EUA e Brasil vai muito além de números, ela impacta empregos, preços ao consumidor e cadeias produtivas essenciais, como café, sucos e aviação. Enquanto empresários pressionam contra as tarifas de 50% e governos buscam soluções, o desfecho desse embate ainda é incerto, mas certamente moldará as relações econômicas entre os dois países nos próximos meses. Acompanhar os desdobramentos é importante para entender como isso afeta diretamente o mercado e seu dia a dia.